imagem Bill Gekas
Quando falamos dos estoques de informação, o acervo, o quantum de informação armazenada poderíamos dizer que, este é um dos artefatos com que operam os agregados de informação: a posse e a distribuição dos estoques de informação. Estes estoques estáticos de informação não geram conhecimento. Existem como possibilidade, como potência da condição de gerar conhecimento.
Para que o conhecimento opere é necessário uma transferência desta informação para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável de apropriação desta informação pelo individuo. Nesse momento nada é menos globalizado que a informação, pois nada é mais subjetivo, privado e individual que, a assimilação do conteúdo de uma informação pelo receptor. Na solidão da assimilação o receptor é uno e a apropriação da informação é dele, de mais ninguém.
É este então o lugar do conhecimento.
A assimilação da informação é a finalização de um processo de aceitação da informação que transcende o seu uso, um ato de apropriação. Este é o destino final do surpreendente e muitas vezes raro fenômeno da informação: criar conhecimento modificador e inovador do indivíduo e do seu contexto. Entendemos o conhecimento como sendo uma passagem, um fluxo de sensações que são apropriados pela consciência do receptor e este é um processo que se realiza no mais oculto espaço de sua subjetividade. É um caminho pessoal e diferenciado para cada individuo.
Os modos de observar o mundo têm variado ao longo do tempo. Com a Internet foi prestigiada a idéia de que, na busca do conhecimento, o pensamento e o espaço coletivo predominam sobre a individualidade. Contudo, há sempre o espaço do agregar político e o momento da solidão intensa. Um movimento único em uma só direção trará o declínio das grandes esperanças coletivas, a fragmentação dos projetos em uma pluralidade de histórias individuais.
O espaço público tomado pelo "festival de besteira que assola" seus limites perde força política cotidianamente; o espaço do conhecimento público se refugia em agregados individuais de inteligência privada fugindo dos prestidigitadores ágeis em artimanhas como a de administrar, em cartolas, o conteúdo de consciências individuais.
A grande celebração da solidão individual deve ser mantida; e entendida que se processa em dois mundos, e co duas linguagens, a do criador da informação e a daquele que a aceita como conhecimento. Tal como Orfeu, que habitou o espaço dos vivos e o espaço dos mortos, a informação é cidadã de dois mundos nesta passagem e assume a plenitude de seu intento que é: tenso, inesperado, raro e surpreendente.
Aldo Barreto - revisto 2015