sábado, 15 de outubro de 2016

       Esquecer é preciso




Três são os grandes discursos de poder com influência e força social: o discurso político, o discurso dos meios de comunicação e o discurso da ciência e da tecnologia.

O discurso político se referencia às embromações do poder politico estabelecido que se fanfarrona, em uma oratória de intenção,  para a construção ou modificação dos fatos sociais e econômicos para uma determinada ambiência. O discurso da ciência e tecnologia e inovação é só uma peça de informação que ganha poder por conta da esperança que coloca para melhor destino do homem. Reveste-se da proteção do segredo e do sagrado por ter uma tradição de credibilidade e de corporativismo ideológico no ramo das grandes esperanças.

O discurso dos meios de comunicação lida com a formação ou deformação da opinião pública na sociedade e quer formatar um maior público comum através da sua visão dos fatos e ideias. O discurso dos meios obedece a fatores e interferências externas imponderáveis e perdeu, em algum lugar do passado, a possibilidade de intermediar os anseios sociais de mediação junto aos demais poderes. Definiu para si uma preferência por um atuar voltado para seus fins, mostrando ao público, sua versão dos fatos cotidianos como um grande espetáculo; optou por um palavreado oco que quer moldar opiniões em assuntos cada vez mais miúdos e quando fala de coisas importantes geralmente descontextualiza e distorce.

Inspira e ilustra esta apreciação a publicação do jornal de maior tiragem no Rio de Janeiro neste, janeiro de 2014 titulado “Tsunami do conhecimento” onde aquela mídia repercute uma pesquisa mal referenciada e de abonação  errônea. Faz uma indicação científica de  que o cérebro dos indivíduos vai se enchendo como um saco ou um disco rígido de computador e ficando por isso cada vez  mais lento e imprestável. Este noticiário absurdo vai contra todo que se conhece no momento sobre a capacidade da memoria e seu poder de esquecimento.

O neurocientista Iván Izquierdo em seu trabalho "Somos também aquilo que decidimos esquecer" indica que para lembrar, é importante esquecer, diz  o professor,  que estuda a persistência da memória e é  um dos maiores especialistas nas funções do cérebro. Ele nos fala  das  várias modalidades de memória e da importância de apagar lembranças.  Algumas dessas memórias duram segundos diz ele; outras ficam por toda a vida. Mas para guardar novas informações  é preciso apagar antigas.

Portanto, esquecer memórias nos faz bem e é um processamento funcional do cérebro humano. Existem várias memórias: a de trabalho dura poucos segundos ou minutos. Por exemplo, uma palavra da minha frase anterior permaneceu apenas o suficiente para você entender o que veio antes e depois diz. Há ainda a memória de poucas horas ou curta duração;  elas duram cerca de seis horas e são armazenadas provisoriamente. As memórias de forte conteúdo emocional são gravadas com uma atuação de vias nervosas que controlam as emoções. Portanto, memória é um assunto complexo e com estudos em andamento.

Entendemos por nosso longo trato com a informação em ciência e tecnologia,  que a densidade cognitiva corresponde à qualidade do saber acumulado na memória, por nossas percepções prévias. Esta densidade representa um conjunto de atos contínuos, que se acrescentam no tempo; obras pelo qual o indivíduo reelabora seu mundo em uma criação que faz em convivência no passar do tempo. Uma relação constante de adaptação entre a massa e o volume.

Santo Agostinho, também, nos fala sobre a densidade da memória: "Lá estão guardados todos os nossos pensamentos, as aquisições de nossos sentidos se ainda não foi sepultado ou absorvido pelo esquecimento."  A interatuação de um sujeito com os seus depósitos de memória potencializa o espectro temporal de seu destino indicando, que existem tempos marcados, para reconfigurar moradas da memória e sua permanência definitiva nestes domicílios.

Com o computador pessoal dizemos: vou entrar em um arquivo indicando a ideia de viagem e permanência no local de memória física que se acumula; mas o disco rígido pode e é  limpo  ou apagado quando a informação não interessa mais.  A analogia destes conceitos ao do crescimento dos estoques de memória leva a crer que estas estruturas de armazenagem tendem a crescer em volume de maneira periódica e cumulativa, como nossa memória, mas tendo em determinado momento enfrenta o problema de adaptação do volume à forma. Para isso existem estratégias de ajustamento pelo esquecer, pois os estoques ultrapassados tenderão a quebrar por seu próprio peso irrelevante e serão deslembrados.

Mas a mídia em sua vontade espetaculosa tem a irracionalidade evanescente dos fantasmas  e sem pestanejar discursa sobre o que não conhece apoiada na dualidade de outro discurso de poder que assume sem referência adequada saber não estabelecido.

Aldo de A Barreto
2014

Notas:

1- “A Mente Humana”, Iván Izquierdo

REPUBLICAÇÃO

                                                       Esquecer é preciso




Três são os grandes discursos de poder com influência e força social: o discurso político, o discurso dos meios de comunicação e o discurso da ciência e da tecnologia.

O discurso político se referencia às embromações do poder politico estabelecido que se fanfarrona, em uma oratória de intenção,  para a construção ou modificação dos fatos sociais e econômicos para uma determinada ambiência. O discurso da ciência e tecnologia e inovação é só uma peça de informação que ganha poder por conta da esperança que coloca para melhor destino do homem. Reveste-se da proteção do segredo e do sagrado por ter uma tradição de credibilidade e de corporativismo ideológico no ramo das grandes esperanças.

O discurso dos meios de comunicação lida com a formação ou deformação da opinião pública na sociedade e quer formatar um maior público comum através da sua visão dos fatos e ideias. O discurso dos meios obedece a fatores e interferências externas imponderáveis e perdeu, em algum lugar do passado, a possibilidade de intermediar os anseios sociais de mediação junto aos demais poderes. Definiu para si uma preferência por um atuar voltado para seus fins, mostrando ao público, sua versão dos fatos cotidianos como um grande espetáculo; optou por um palavreado oco que quer moldar opiniões em assuntos cada vez mais miúdos e quando fala de coisas importantes geralmente descontextualiza e distorce.

Inspira e ilustra esta apreciação a publicação do jornal de maior tiragem no Rio de Janeiro neste, janeiro de 2014 titulado “Tsunami do conhecimento” onde aquela mídia repercute uma pesquisa mal referenciada e de abonação  errônea. Faz uma indicação científica de  que o cérebro dos indivíduos vai se enchendo como um saco ou um disco rígido de computador e ficando por isso cada vez  mais lento e imprestável. Este noticiário absurdo vai contra todo que se conhece no momento sobre a capacidade da memoria e seu poder de esquecimento.

O neurocientista Iván Izquierdo em seu trabalho "Somos também aquilo que decidimos esquecer" indica que para lembrar, é importante esquecer, diz  o professor,  que estuda a persistência da memória e é  um dos maiores especialistas nas funções do cérebro. Ele nos fala  das  várias modalidades de memória e da importância de apagar lembranças.  Algumas dessas memórias duram segundos diz ele; outras ficam por toda a vida. Mas para guardar novas informações  é preciso apagar antigas.

Portanto, esquecer memórias nos faz bem e é um processamento funcional do cérebro humano. Existem várias memórias: a de trabalho dura poucos segundos ou minutos. Por exemplo, uma palavra da minha frase anterior permaneceu apenas o suficiente para você entender o que veio antes e depois diz. Há ainda a memória de poucas horas ou curta duração;  elas duram cerca de seis horas e são armazenadas provisoriamente. As memórias de forte conteúdo emocional são gravadas com uma atuação de vias nervosas que controlam as emoções. Portanto, memória é um assunto complexo e com estudos em andamento.

Entendemos por nosso longo trato com a informação em ciência e tecnologia,  que a densidade cognitiva corresponde à qualidade do saber acumulado na memória, por nossas percepções prévias. Esta densidade representa um conjunto de atos contínuos, que se acrescentam no tempo; obras pelo qual o indivíduo reelabora seu mundo em uma criação que faz em convivência no passar do tempo. Uma relação constante de adaptação entre a massa e o volume.

Santo Agostinho, também, nos fala sobre a densidade da memória: "Lá estão guardados todos os nossos pensamentos, as aquisições de nossos sentidos se ainda não foi sepultado ou absorvido pelo esquecimento."  A interatuação de um sujeito com os seus depósitos de memória potencializa o espectro temporal de seu destino indicando, que existem tempos marcados, para reconfigurar moradas da memória e sua permanência definitiva nestes domicílios.

Com o computador pessoal dizemos: vou entrar em um arquivo indicando a ideia de viagem e permanência no local de memória física que se acumula; mas o disco rígido pode e é  limpo  ou apagado quando a informação não interessa mais.  A analogia destes conceitos ao do crescimento dos estoques de memória leva a crer que estas estruturas de armazenagem tendem a crescer em volume de maneira periódica e cumulativa, como nossa memória, mas tendo em determinado momento enfrenta o problema de adaptação do volume à forma. Para isso existem estratégias de ajustamento pelo esquecer, pois os estoques ultrapassados tenderão a quebrar por seu próprio peso irrelevante e serão deslembrados.

Mas a mídia em sua vontade espetaculosa tem a irracionalidade evanescente dos fantasmas  e sem pestanejar discursa sobre o que não conhece apoiada na dualidade de outro discurso de poder que assume sem referência adequada saber não estabelecido.

Aldo de A Barreto
2014

Notas:

1- “A Mente Humana”, Iván Izquierdo

REPUBLICAÇÃO

domingo, 20 de dezembro de 2015

Sob o olhar da Capes




Sob o olhar da Capes

A utopia das liberdades civis e dos direitos humanos fragmentou-se com a ideologia das zonas fortes necessária para a defesa da sua segurança de troca de indicações. contra o terror. qualquer sociedade igualitária e justa teria vergonha do que acontece hoje em  área da Capes com as articulações de alguns para manter o poder, assaltando uma vontade incipiente de uma maioria silenciosa, afastada inoperante

Assim, as utopias coletivas perderam sua inocência e existe , hoje, um novo maquinismo humano em que somos obrigados a mostrar que, nossas máquinas giram engranzadas com as dos pequeninos poderes ou não realizamos  mais nada que  para nos da área a felicidade profissional há que ser negociada.

A grande utopia coletiva de pertencimento a uma área de conhecimento  está longe dos resultados finais se medida pelo boa pesquisa hoje.As utopias coletivas foram trocadas por utopias individuais,  facções insignificantes que conduzem toda a uma nova configuração privilegiada organizacional com acesso ao fomento da Capes e no CNPQ.  A utopia da sociedade de área solidária mostra que, na desagregação de seus membros,  há uma des-solidariedade que a transforma em utopia envergonhada. Laços e valores de uma camarilha definem um coletivo inerte de  tendência a estabilidade crescente. E tudo sob o nosso olhar.

É um fatalismo do valor colocado no valor-amizade, quando o centro do cálculo, exclui do mundo toda a esperança de que não esta no grupo politico dominante. Sua racionalidade está em que todo o valor advém do entrelaçamento pessoal  que por sua vez querem mostrar "eqüidade"e condições de equilíbrio, justiça e paz em seu proceder.
E tudo sob o nosso olhar.
Tudo sob o olhar da Capes.


Aldo de Albuquerque Barreto
Pesquisador Sênior


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O professor e suas ferramentas





O professor e suas ferramentas

Para a população em geral de nada adianta um computador sem um propósito para seu uso. Ou uma condição de acesso que permita conhecer os dados, saber do que se trata e como usá-los para melhorar a condição de existência nos lugares que ocupa na sociedade.

Há meses li em um jornal local a reclamação de um professor de uma escola pública no interior do nosso país: “eu precisava tanto de uma caixa de ferramentas e me mandaram um computador”. A utilização do computador precisa de um letramento educacional e digital para que transforme os dados e o canal de disseminação em informação útil. Grandes e suntuosos prédios de bibliotecas públicas é um impeditivo para a entrada de pessoas, principalmente as mais desprovidas.

Quando da inauguração do “palácio” francês, O Centro Nacional de Educação e Cultura Georges Pompidou em Paris os resultados de uma pesquisar revelou,uma espécie de estranhamento do povo e o Centro si: o Centro de Cultura foi visto como um labirinto, onde as pessoas se sentiam pouco à vontade de acordo com seu habitus de convivência.

Principalmente aqueles menos privilegiados. As pessoas que não têm condições cognitivas adequadas para lidar com as referências colocadas  ali  e experimentavam uma sensação de desconforto. Isto foi chamado de “l’effet Beaubourg”. O efeito Beaubourg, bairro de localização do Centro mostra que o tratamento espetacular para projetos de ensino é uma total contradição com o conteúdo instrutivo e formativo que justificam aqueles espaços como sendo para o povo.

Todos estes serviços só têm valor se os dados  na web estiverem linkados entre si e com a aprendizagem para o povo. Nunca contra o povo que deveriam beneficiar.

Veja o sistema de dados do governo inglês; dados centralizados e interligados, um sistema feito por Sir Tim Berners-Lee com a preocupação primeira de prestar contas e instruir os governados de todos os níveis de letramento.  http://data.gov.uk

domingo, 21 de junho de 2015

solistício







Hoje as 16,30 no tempo universal haverá o solstício de verão associado a luz e a momentos de afastamento e aproximação. O que me levou a pensar em grupos de pessoas de diferentes densidade vivencial e seus problemas de sua convivência devido a uma escala de desejos e preferências diferenciados. E como muda esta escala se pensarmos uma pessoa de 20 outra de 70 anos

A aproximação e o afastamento entre pessoas está, ainda, ligado a condições do imponderável e do evanescente. É preciso saber conviver com a adversidade das falsas questões e estar preparado para vivenciar o efêmero - aquilo que existe mais esta desaparecendo, que embora presente, vai no entanto morrer.

Confrontar o imponderável, a circunstância indefinível e inesperada que chegará poderosa e superveniente em nossa vida. Nesses momentos, dado a complexidade emocional destas configurações passamos a viver no pequeníssimo e indeterminado espaço de um vazio temporal; é como viver uma indeterminação entre dois estados. O silencio e o o repouso do afastamento.

imagem tom duffin

domingo, 15 de fevereiro de 2015

tenso, inesperado, raro e surpreendente




imagem Bill Gekas

Quando falamos dos estoques de informação, o acervo, o quantum de informação armazenada poderíamos dizer que, este é um dos artefatos com que operam os agregados de informação: a posse e a distribuição dos estoques de informação. Estes estoques estáticos de informação não geram conhecimento. Existem como possibilidade, como potência da condição de gerar conhecimento.

Para que o conhecimento opere é necessário uma transferência desta informação para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável de apropriação desta informação pelo individuo. Nesse momento nada é menos globalizado que a informação, pois nada é mais subjetivo, privado e individual que, a assimilação do conteúdo de uma informação pelo receptor. Na solidão da assimilação o receptor é uno e a apropriação da informação é dele, de mais ninguém.
É este então o lugar do conhecimento.

A assimilação da informação é a finalização de um processo de aceitação da informação que transcende o seu uso, um ato de apropriação. Este é o destino final do surpreendente e muitas vezes raro fenômeno da informação: criar conhecimento modificador e inovador do indivíduo e do seu contexto.  Entendemos o conhecimento como sendo uma passagem, um fluxo de sensações que são apropriados pela consciência do receptor e este é um processo que se realiza no mais oculto espaço de sua subjetividade. É um caminho pessoal e diferenciado para cada individuo.

Os modos de observar o mundo têm variado ao longo do tempo. Com a Internet  foi prestigiada a idéia de que, na busca do conhecimento, o pensamento e o espaço coletivo predominam  sobre a individualidade.  Contudo, há sempre o espaço do agregar político e o momento da solidão intensa. Um movimento único em uma só direção trará o declínio das grandes esperanças coletivas, a fragmentação dos projetos em uma pluralidade de histórias individuais.

O espaço público tomado pelo "festival de besteira que assola" seus limites perde força política cotidianamente; o espaço do conhecimento público se refugia em agregados individuais de inteligência privada fugindo dos prestidigitadores ágeis em artimanhas como a de administrar, em cartolas,  o conteúdo de consciências individuais.

A grande celebração da solidão individual deve ser mantida;  e  entendida que se processa em dois mundos, e co duas linguagens, a do criador da informação e a daquele que a aceita como conhecimento. Tal como Orfeu,  que habitou o espaço dos vivos e o espaço dos mortos, a informação é cidadã de dois mundos nesta passagem e assume a plenitude de seu intento que é:  tenso,  inesperado, raro e surpreendente.


Aldo Barreto - revisto 2015

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um avatar do que sonhamos ser








































Um avatar do que sonhamos ser

Tem sido muito pensado neste século do espaço cibernético a questão do valor da tecnologia da informação, quando ponderado contra a possibilidade de uma existência mais simples e com mais felicidade.

Qual é o papel da informação eletrônica neste grande dilema do ser humano atual.  Quanto da informação se orienta para uma inteligência coletiva e quanto  para uma inteligência de competição individual  e organizacional. E quanto se orienta para a felicidade do ser humano na simplicidade dos seus espaços reais de convivência. Espaços do simples e doce sentimento da existência.

Domina o agir atual um fatalismo de agregação de valor individual, que quer determinar o curso dos acontecimentos como fixado e impossível de ser alterado. Esta imobilidade silente transforma o pensar em público em algo  escondido, subversivo, sem esperança e infeliz.

A convivência atual acontece virtualmente em uma realidade paralela de salas de discussão e mensagens eletrônicas; os jovens preferem a comunicação instantânea  de "torpedos" do “WhatsApp” para conviver e relatar no momento da vivência sua vida aos companheiros. A troca de sentimentos e informação vem sendo reprimida,  pois necessita de uma presença fisica de cercania.  Cada vez mais a opção  de uma vivência escondida se mostra nesta nova tecnologia da informação como a dos "Chats", o "Facebook", o "Twitter", os "Podcasts" e os RSS. Uma secunda vida se tornou possível em uma outra realidade.

Qual o limite dos em ambientes virtuais de convivência ou  do pensar colaborativo. Sempre me preocupou refletir sobre qual é o limite da tecnologia, ou a partir de que ponto este conjunto de conhecimentos e princípios  deixa de ter interesse social.


Penso que é quando a tecnologia  deixa  de trabalhar em benefício do indivíduo e volta para lhe causar problemas. As novas tecnologias de informação de tão intensas produzem, também,  medo, pois ao aumentar os poderes do homem o transformam no objeto da ação destes poderes, principalmente quando: O doce sentimento da existência é vivido por nosso outro;   um avatar do que sonhamos ser. Uma vivência sem presença.

Aldo Barreto 
dez 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A visibilidade do radical cor de rosa




Todo profissional se projeta pelas escolhas que vai fazendo durante sua vida. Nada é alcançado sem alguma luta, sem algum conflito com os outros. A natureza humana é contraditória e precisa de certezas concedidas pelo grupo de convivência. Mas, a visibilidade é relativa à densidade de valor que se agregou a uma coisa ou uma pessoa em relação às suas atitudes ao passar do tempo.

A visibilidade se liga às suas narrativas  escritas e publicadas, pois escrever reforça a forma de mostrar e dar-se a ver para a apreciação do outro. A escrita cria um lugar no passado ao qual podemos sempre recorrer e regressar para uma acolhida de coerência ou quando um confronto estiver inserido em nossa vida.

O reconhecimento do outro de nossa qualidade dá densidade e confere a visibilidade, pois nos separa com destaque entre pares,  como líder e paradigma; é uma atuação  que representa o reconhecimento de muitos para uma vida dedicada a tratar com  sucesso as metas conseguidas. Assim, mesmo a invídia de  pessoas ou artefatos excludentes pode retirar uma visibilidade que já acontecida.

Todos querem participação,  mas muitos não querem a exposição e o julgamento público que isso resulta. Ou não têm qualidade para expor ideias ou ações a seus convenentes. No mundo da visibilidade nossa atuação se relaciona a esta condição de convencer e não decepcionar o outro,  que confirma o nosso atuar com marcos que vão colocando no caminho desta nossa aventura existencial.

Existem profissionais radicais verdadeiros em todas as áreas: na arquitetura temos Brasília, na sociologia os direitos das minorias, na física a singularidade, na biologia a clonagem e assim seguindo acharemos os  em todos os campos uma visibilidade conquistada por ações. Estes são os radicas que se destacam trabalhando para objeto de seu amor. Estão voltados para  o fundamental e o  essencial em desenvolver sua arte ou ofício.

Contudo existe profissionais, tipo radical cor de rosa,  que pregam a discórdia, a confusão a briga entre conhecimentos e com pessoas com conhecimento. Nada produzem nada escrevem e com o silêncio dos insensatos lutam por uma presença sem possuir qualquer qualidade de arte ou ofício. Eles têm o silencio do conhecimento e da incomunicação pela  sua solidão solenemente  improdutiva. Quando se pronunciam é para semear a discórdia na inverdade de suas pequenas narrativas, seus dados mal arranjados ou recolhidos e inferências que privilegiam seus interesses de obscurecer coisas já estabelecidas.

Sua  opção intelectual é a do linkador, que por não produz nada de seu próprio eu consciente vai incitando a desordem intelectual por indicações mal formadas vivendo na dominância do cultivo intelectual do eu vizinho e refugiado em seu próprio casulo de onde vai dando indícios inadequados.


É nesse ambiente de convivência profissional que habita o radical cor de rosa,  que pelo anseio de uma de visibilidade não conseguida vive da palavra do outro como uma esmola que lhe deixaram as horas e os séculos.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A visibilidade é relativa





a visibilidade é relativa à densidade de valor que se agregou a uma coisa, pessoa ou com o tempo. A visibilidade se agrega aos artigos escritos e publicados, pois escrever, eu creio, é mostrar-se e dar-se a ver para a apreciação do outro. A escrita cria um passado ao qual podemos sempre recorrer ou regressar para uma acolhida de coerência ou de confronto em nossa vida.O reconhecimento do outro da qualidade de pesquisador Sênior do CNPq dá densidade a visibilidade pois indica "um destaque entre seus pares como líder e paradigma na sua área de atuação, valorizando sua produção científica e tecnológica". "representa o reconhecimento da sociedade a uma vida dedicada com sucesso à ciência". Assim, pessoas ou artefactos excludentes, não podem retirar uma visibilidade que ja foi concedida.

http://www.cnpq.br/web/guest/pesquisador-senior

sábado, 31 de maio de 2014

SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE


SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE 
 por Aldo de Albuquerque Barreto 

"A Interdisciplinaridade não é mais o que costumava ser" são palavras de Pierre Jacob em seu artigo:  "A philosopher's reflections on his interactions with a neuroscientist"no  Seminário Virtual "Repensando a interdisciplinaridade" acontecido em: http://www.interdisciplines.org/interdisciplinarity com o patrocínio do "Centre National de la Recherche Scientifique" da França.

A questão da interdisciplinaridade, é dito, floresceu dos anos 70 a 90 para atenuar a maneira rígida e independente com que cada disciplina se posicionava na Academia. A partir de 1980, porém, a interdisciplinaridade tem sido usada para introduzir, com certo autoritarismo acadêmico, as soluções mal arrumadas para os problemas centrados nas dificuldades teóricas, metodológicas e práticas de uma área. As lacunas teóricas são preenchidas com uma reflexão estrangeira, com  arcabouços prontos trazidos apressadamente de outras áreas.

Muitas vezes o modismo intelectual e acadêmico pode levar a uma prepotência homogeneizadora do pensamento em vigor, são posições fortes e de difícil questionamento. A teoria dos Sistemas e depois o Cognitivismo, cada um em sua época, são exemplos disso. Durante o reinado de cada "embasamento teórico conceitual", qualquer projeto que não tivesse sua explicação teórica ou sua metodologia centrada em seu pensamento normativo, sequer seria analisado.

Ian Hacking comenta o fato no Seminário acima citado:
"A idéia da raiz é aquela de uma disciplina onde você pode ver como a idéia se bifurca. Em uma mão, os professores religiosos e acadêmicos, os coordenadores, ou os artistas modernos que têm disciplinas criam campos do conhecimento, da compreensão e da atividade. Em minha opinião, o que importa é que diligentes pensadores e honestos ativistas respeitam as habilidades aprendidas e talentos de nascimento. Existirá sempre alguém que sabe mais do que você em seu campo ou pode fazer algo mais do que você pode. Não porque você é inexperiente no domínio, mas porque você, em determinado momento e tema, necessita a ajuda de uma outra pessoa. Eu nunca procuro a ajuda de uma pessoa 'interdisciplinary', mas somente de um 'disciplined'."

E segue: "Há hoje uma consciência crescente que os diagramas podem ter um papel fundamental na comunicação das idéias. Na Física moderna, o diagrama de Feynman é uma ferramenta indispensável do pensamento. Eu fiquei interessado nos diagramas em árvore. Neste campo há os cientistas cognitivos que discutem fortemente as hierarquias, as taxonomias. É isto uma questão interdisciplinar? Em um sentido, 'sim', e eu devo estar  consultando peritos das disciplinas que são mutuamente entrelaçadas nesse foco pretendido.  

Mas, em um sentido mais importante, a resposta é 'não': os acadêmicos altamente disciplinados ajudam sempre e individualmente o pesquisador externo em um projeto que seja fácil de explicar e de cativar a atenção.Eu respeito as perguntas levantadas por meus colegas, mas acho que vale a pena fazer uma indicação em relação às disciplinas que, embora de grande colaboração, não necessitam ser, no sentido amplo da palavra, 'interdisciplinares'."[*

Um querer interdisciplinar não pode simplesmente transpor teorias e conceitos emprestados de um campo ou área para formar novo conhecimento em outra área. Este transporte de idéias, métodos, do pensar em si tem que respeitar as características existentes e manifestas da área que empresta, por exemplo, a Ciência da Informação com seu objeto, a informação, considerando todas as suas configurações fenomenais, suas qualidades, características e singularidades. Não basta pegar e trazer. É preciso estabelecer um canal formal de comunicação e relações entre as duas áreas.

A interdisciplinaridade é a observância partilhada de preceitos e normas acadêmicas e não se constrói na desordem da emergência. Assim, toda uma argumentação deve ser construída para a viabilidade da transmutação de conhecimentos que precisa estar clara e convincente.  Deve estar, ainda,  detalhadamente explícito como este pensar estrangeiro se insere no mundo do outro campo e, ao se inserir, não provocar estranhamentos teóricos e conceituais. A interdisciplinaridade é via de mão dupla e só acontece no trabalho conjunto e formalizado de grupos comuns.

Um bom exemplo desse desencontro de idéias é a Ciência Cognitiva, um trabalho conjunto de neurocientistas, biólogos, cientistas da computação, engenheiros e cientistas sociais, entre outros. Um primor de interdisciplinaridade por quantidade de campos.

A Ciência Cognitiva defende que as operações mentais podem se adequar a um sistema representacional do tipo algoritmo versus máquina para modelar e expor as funções cognitivas em determinado contexto. Assim, pelas normas da ciência cognitiva, podem ser representados em um modelo computacional a memória, a cognição, o raciocínio, o conhecimento e a representação do conhecimento. 

Este modelo da Ciência Cognitiva nada tem a ver com o "cognitivismo", do qual nos fala Nick Belkin e outros. Este tem uma conotação humanista e filosófica de apropriação da informação por uma consciência subjetiva: acredita o conhecimento como fruto de um processo que envolve as cadeias do pensamento, processo complexo, ainda inexplorado, e não modelável como um centro de cálculo.

Olhar várias disciplinas instrui a criatividade e a multiplicidade é uma saudável nação da universidade e da ciência. Mas como diz o autor acima: "não necessitam, estas disciplinas, ser no sentido amplo da palavra 'interdisciplinares' só pela coexistência de interesses comuns". 

Publicado em: Sobre a Interdisciplinaridade
http://www.datagramazero.org.br/dez04/Ind_com.htm