O conceito de nova tecnologia da informação e da comunicação
está ultrapassado – quando para significar o conjunto de tecnologias
relacionadas à Internet, a web, a base digital única, o teleprocessamento e
microeletrônica. É uma expressão envelhecida e errada, pois a tal nova
tecnologia tem hoje cerca de 20 anos o que indica ser uma tecnologia velha. A
própria interface web de Berners-Lee, uma tecnologia paralela a Internet, já vai para sua terceira versão. O que,
contudo, não impede que outras novas tecnologias da informação aderentes
apareçam a cada seis meses; umas serão inovações outras irão para a prateleira.
Correto seria falar agora em tecnologias intensas em inovação para referenciar “as
antigas tecnologias de informação e comunicação”.
É necessário, portanto, mesmo correndo o risco de ser tedioso
ou excessivo, explicitar determinados conceitos relacionados com o assunto.
Tecnologia é aqui entendida como sendo “o conjunto de todos os conhecimentos –
científicos empíricos ou intuitivos – empregados na produção e comercialização
de bens e serviços". Verifica-se que o conceito de tecnologia está
diretamente ligado ao de conhecimento, que definimos de forma bastante simples,
como sendo informação que é absorvidas ou assimiladas e é capaz de modificar a
estrutura cognitiva do indivíduo e do seu grupo.
Tecnologia, portanto, não é a máquina ou um processo de
produção com suas plantas, manuais, instruções e especificações, mas, sim, o
conhecimento que gerou a máquina, o processo, a planta industrial; o
conhecimento e que permite uma absorção, adaptação, transferência e difusão
quando associado a uma base de informação.
O termo transferência de tecnologia só deve ser empregado
quando se verificar a passagem do conhecimento associado ao funcionamento e
geração do produto ou processo criando, assim, a possibilidade de (re) ocasionar
a nova tecnologia ou de adaptá-la às condições do contexto. Não havendo a
transferência de conhecimento, estabelece-se simplesmente uma transação de
compra e venda de tecnologia. Fechada e embalada como uma mercadoria, e geralmente
denominada “ venda de pacote tecnológico” ou “caixa preta”.
Todo processo de produção de tecnologia envolve atividades
de pesquisa e desenvolvimento. A
pesquisa produz novos conhecimentos e o desenvolvimento experimental testa a
operacionalidade deste novo saber mirando na produção de novos materiais,
produtos, equipamentos e processos. O desenvolvimento experimental examina a
possibilidade de se usar a nova técnica e testa a existência de condições
estruturais em termos de infraestrutura de engenharia básica para sua operacionalização.
De nada adianta a geração interna oou a compra de tecnologia para uma
organização ou sociedade caso não se tenha as condições que possibilitem a
criação de uma capacidade operacional, isto é, caso não se possa “engenheirar” a
nova técnica.
No desenvolvimento de determinada tecnologia aparecem sempre
tecnologias paralelas relacionadas aos insumos ou ao equipamento ou ao processo
de produção. A tecnologia principal é a central. As paralelas são as tecnologias
correlatas. Uma tecnologia central muitas vezes necessita, para sua melhor operacionalização de uma tecnologia paralela.
É o caso da Internet e da Web. A tecnologia da web – uma configuração visual da
internet – só existe como coadjuvante de uma tecnologia central.
O potencial de absorção de tecnologia nova vai depender
basicamente de quatro fatores:
1. Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento Experimental e
infraestrutura de engenharia existente internamente;
2. Possibilidade de transferência de tecnologia adquirida no
exterior;
3. Nível de qualidade do estoque e a densidade da tecnologia
instalada no país; a concentração tecnológica existente no espaço considerado para
absorção;
4. Competência operacional do setor produtivo. De nada
adianta pesquisar e desenvolver uma nova forma de empacotar bananas se não
existir na indústria as máquinas necessárias para operar isto, ou, uma condição
operacional de inserir estas máquinas no parque industrial
.
Mas a tecnologia está sempre referenciada a um conjunto de
informações, a princípios científicos ou intuitivos ou aos processos de uma
arte aplicados a um determinado ramo de atividade. A Inovação difere
basicamente da invenção tecnológica. Se a tecnologia é uma sucessão de eventos
sistemáticos de técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos direcionados
para uma ação de transformação a inovação é a aceitação e a difusão destes
eventos pela pluralidade dos elementos de um determinado espaço social. É a introdução de um conhecimento assimilado e representa um conjunto de atos
voluntários pelo qual os indivíduos em conjunto reelaboram e tentam modificar o
seu mundo.
A inovação não é a simples transferência da técnica; é uma
ação de aceitação e inclusão de um conhecimento que foi aceito em uma
realidade; representa um conjunto de atos sujeitos a
barreiras contextuais e operacionais; depende do homem e sua vontade não de discursos
estáticos. A inovação é uma atitude com vigor dinâmico.
Aldo de Albuquerque
Barreto