Pequeno glossário pessoal sobre tópicos de ciência da informação
por Aldo de Albuquerque Barreto
por Aldo de Albuquerque Barreto
A Ciência da Informação tem mais de 50 anos, já é uma
senhora. A sua irmã Biblioteconomia conviveu com tempos infindos. Uma área de
conhecimento não pode justificar, durante uma geração inteira, "ser uma
área nova", compensando assim suas indisposições existenciais.
Tem sido sempre uma dificuldade para a área de ciência de a informação formular conceitos e teorias que sejam de consenso para seu grupo de pesquisadores atuantes. Penso que é essencial não deixar de lado as questões conceituais: entre outras coisas a teoria explica a prática, mas é a aplicação pratica que coloca em um mesmo tecido sua consistência e sentido de pertencimento a um todo coerente.
Revisito minhas crenças pessoais e conceitos e formalizo as coisas em que acredito podem serem viáveis para credibilidade de outras pessoas nessa área. Porém é preciso advertir que este é meu quadro conceitual e não um consenso nesta área.
A área de Ciência da Informação
A Ciência da Informação se preocupa e se ocupa com os princípios teóricos e as práticas da criação, organização e distribuição da informação. Estuda os seus fluxos, como uma passagem feita por uma variedade de formas e através de uma variedade de canais, caminho que se inicia na criação da informação e vai até a sua utilização. A Ciência da Informação mostra a sua essência quando uma linguagem no pensamento de um emissor se transforma em uma linguagem de inscrição pública e colocada em uma estrutura passível de apropriação por receptores.
A Ciência da Informação e a comunicação
A Ciência da Informação nasce com o pensamento autor se transforma em uma inscrição de informação e se destina ao conhecimento na consciência do receptor. Teoricamente seus limites estão entre o pensamento gerador e a consciência receptora. Sua convivência com a área de comunicação mostra também o seu contexto de existência.
A Ciência da Informação difere da área de comunicação, pois na comunicação o receptor é, na maioria das vezes, uma instituição ou um agregado de ouvintes, uma "massa" que se deseja homogênea; trata, na maior parte das vezes da notícia, do recado verbal ou escrito, de fato ou ideia que provocou uma ruptura no cotidiano do passar do dia. O canal, a mídia, domina e subordina todo o processo. O conteúdo da mensagem é semanticamente frágil, amplo e fragmentado. Existe nesta relação à impessoalidade entre os atores do início e do fim da cadeia de eventos. A mensagem quando colocada em uma ponta fatalmente vai sair na outra para ser assimilada ou não pelo receptor.
A Ciência da Informação caracteriza o seu gerador, nomeia o seu destino. Estuda o receptor e as suas necessidades e lhe faz um perfil. Analisa qual o canal mais adequado, para melhor entregar a informação, considerando a natureza e a qualidade das geografias semânticas do seu conteúdo. Na Ciência da Informação é o conteúdo que domina as ações de união entre gerador e receptor. Todas as intenções se orientam para essência do fenômeno de passagem que se efetiva entre o emissor e o receptor quando acontece uma transferência e subsequente apropriação de um conhecimento.
Os elementos que constituem o campo da Ciência da Informação
A Ciência da Informação não existiria sem a) um ato de disseminação quando um b) emissor envia um significado a um (c) receptor. Para se realizar de forma eficaz a informação necessita: d) contexto de referência, este contexto precisa ser acessível ao emissor e receptor e deve ser verbal ou passível de ser verbalizada.
É necessário ainda: e) um código, total ou parcialmente comum, ao emissor e ao receptor e finalmente f) um contato, isto é, um canal físico e uma conexão psicológica entre o emissor e o receptor, que os capacite a entrarem em contato e permanecerem em uma relação produtiva. Cada um dos seis elementos determina uma relação teórica e prática dentro da ciência da informação.
Tem sido sempre uma dificuldade para a área de ciência de a informação formular conceitos e teorias que sejam de consenso para seu grupo de pesquisadores atuantes. Penso que é essencial não deixar de lado as questões conceituais: entre outras coisas a teoria explica a prática, mas é a aplicação pratica que coloca em um mesmo tecido sua consistência e sentido de pertencimento a um todo coerente.
Revisito minhas crenças pessoais e conceitos e formalizo as coisas em que acredito podem serem viáveis para credibilidade de outras pessoas nessa área. Porém é preciso advertir que este é meu quadro conceitual e não um consenso nesta área.
A área de Ciência da Informação
A Ciência da Informação se preocupa e se ocupa com os princípios teóricos e as práticas da criação, organização e distribuição da informação. Estuda os seus fluxos, como uma passagem feita por uma variedade de formas e através de uma variedade de canais, caminho que se inicia na criação da informação e vai até a sua utilização. A Ciência da Informação mostra a sua essência quando uma linguagem no pensamento de um emissor se transforma em uma linguagem de inscrição pública e colocada em uma estrutura passível de apropriação por receptores.
A Ciência da Informação e a comunicação
A Ciência da Informação nasce com o pensamento autor se transforma em uma inscrição de informação e se destina ao conhecimento na consciência do receptor. Teoricamente seus limites estão entre o pensamento gerador e a consciência receptora. Sua convivência com a área de comunicação mostra também o seu contexto de existência.
A Ciência da Informação difere da área de comunicação, pois na comunicação o receptor é, na maioria das vezes, uma instituição ou um agregado de ouvintes, uma "massa" que se deseja homogênea; trata, na maior parte das vezes da notícia, do recado verbal ou escrito, de fato ou ideia que provocou uma ruptura no cotidiano do passar do dia. O canal, a mídia, domina e subordina todo o processo. O conteúdo da mensagem é semanticamente frágil, amplo e fragmentado. Existe nesta relação à impessoalidade entre os atores do início e do fim da cadeia de eventos. A mensagem quando colocada em uma ponta fatalmente vai sair na outra para ser assimilada ou não pelo receptor.
A Ciência da Informação caracteriza o seu gerador, nomeia o seu destino. Estuda o receptor e as suas necessidades e lhe faz um perfil. Analisa qual o canal mais adequado, para melhor entregar a informação, considerando a natureza e a qualidade das geografias semânticas do seu conteúdo. Na Ciência da Informação é o conteúdo que domina as ações de união entre gerador e receptor. Todas as intenções se orientam para essência do fenômeno de passagem que se efetiva entre o emissor e o receptor quando acontece uma transferência e subsequente apropriação de um conhecimento.
Os elementos que constituem o campo da Ciência da Informação
A Ciência da Informação não existiria sem a) um ato de disseminação quando um b) emissor envia um significado a um (c) receptor. Para se realizar de forma eficaz a informação necessita: d) contexto de referência, este contexto precisa ser acessível ao emissor e receptor e deve ser verbal ou passível de ser verbalizada.
É necessário ainda: e) um código, total ou parcialmente comum, ao emissor e ao receptor e finalmente f) um contato, isto é, um canal físico e uma conexão psicológica entre o emissor e o receptor, que os capacite a entrarem em contato e permanecerem em uma relação produtiva. Cada um dos seis elementos determina uma relação teórica e prática dentro da ciência da informação.
- Estoques e estruturas
de informação representam toda a reunião de
estruturas de informação em determinado espaço. Estoques de informação
representam, assim, um conjunto de itens de informação organizados (ou não),
segundo um critério técnico de gestão da
informação e possuindo conteúdo que seja de interesse de uma comunidade de
receptores. A estrutura de informação que se agrega para formar o estoque podem
estar em diferentes meio e nível de
completeza quanto ao conteúdo: ser uma da referência bibliográfica ou do
título e resumo ou indicadores por
palavra chaves ou o texto completo. A estrutura pode estar configurada em linguagem
natural ou em uma metalinguagem para controle e localização. Os estoques podem
ser acervados em espaço físico real ou em estarem em formato digital. Tanto a
estrutura quanto o estoque são configurações estáticas no processo de gerar
conhecimento.
- Cognição é o conjunto dos processos mentais subjetivos e individualizados
atuando nas características funcionais e
estruturais de uma representação de saber: neste caso um objeto, um
procedimento, um fato ou uma ideias documentado. Quando na aquisição de conhecimento opera a partir de um estimulo
perceptivo estimulado por um documento; A cognição compreende as atividades
relacionadas como atenção, julgamento do
valor, percepção, reflexão e memória. Um enfoque cognitivista considera a mente
humana como um sistema de estruturado de informação, um estoque de informação
organizado.
- Assimilação da
informação seria um misto de
sensibilidade e percepção e apropriação. Na assimilação o receptor aceita a
informação reconhecendo-a como tal e esta atua para alterar o seu estoque de saber
por acréscimo, por modificação ou sedimentação de saber já estocado
- Conhecimento é
organizado em estruturas mentais por meio das quais o sujeito assimila o objeto
informação. Conhecer é um ato de interpretação, uma assimilação do objeto pelas estruturas mentais do sujeito. Estas estruturas
não são pré-formatadas, no sentido de
serem programadas nos genes. As estruturas mentais são construídas pelo sujeito
sensível que percebe o meio. A Produção ou geração de conhecimento é uma
reconstrução das estruturas mentais do indivíduo através de sua competência
cognitiva, ou seja, uma modificação em seu estoque mental de saber acumulado
resultante de uma interação com uma informação.
- O lugar do
conhecimento - Quando falamos dos
estoques de informação, os acervos, o quantum de informação armazenada
poderíamos dizer que, este é um dos artefatos com que operam o processo de
conhecimento. Estes estoques estáticos de informação não geram conhecimento.
Existem como possibilidade, como potência da condição de gerar conhecimento.
Para que o conhecimento opere é necessária uma transferência desta informação
para a realidade dos receptores e uma conjuntura favorável de apropriação deste
conteúdo. Transcende a condição de comunicação e é o destino final do fenômeno
da informação: criar conhecimento modificador e inovador no indivíduo e do seu
contexto. Entendemos o conhecimento como
sendo uma passagem, um fluxo de percepções
que são apropriados pela consciência e este é um processo se realiza na
subjetividade do receptor. É um caminho pessoal e diferenciado para cada
individuo. O lugar do conhecimento é a consciência individual.
Qual o destino final da Ciência da Informação
Creio que pode ser resumido em três simples equações:
a) K= f (I) (onde K é conhecimento e I é informação : isto é uma crença individual)
O conhecimento é uma função da informação;
Qual o destino final da Ciência da Informação
Creio que pode ser resumido em três simples equações:
a) K= f (I) (onde K é conhecimento e I é informação : isto é uma crença individual)
O conhecimento é uma função da informação;
b) D = f (K)
O desenvolvimento, do indivíduo e da sociedade, é função do conhecimento acumulado como estabelecido por elementos da teoria econômica e da própria condição humana. (Isto é uma crença estabelecida)
Operando as equações em a e b:
c) D = f (I) - onde D é desenvolvimento, f e função e I informação. (isto é uma crença operacional)
O desenvolvimento é uma função da informação. A ciência da informação se relaciona diretamente ao desenvolvimento do individuo e de sua realidade.
Assim é nossa crença que o destino final, o objetivo do trabalho com a informação é promover o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade em que vive. Entendemos que progresso, de uma forma ampla, seria ir a um novo estágio de qualidade de convivência. Fazer a luz brilhar para cada ser humano através da informação como mediadora do conhecimento. Pois, "de que adianta esta luz Senhor, se ela não brilha em mim", como dizia, em suas Confissões, Santo Agostinho.
A Ciência da Informação e a interdisciplinaridade
Uma área interdisciplinar não pode, simplesmente, transpor teorias e conceitos emprestados de áreas de conhecimento. Este transporte de ideias, métodos, do pensar em si, tem que respeitar as características existentes da área que as importa, do seu objeto, com todas as suas condições características e singularidades.
Há que respeitar, também, os estatutos acadêmicos e reconhecer clara e explicitamente á área de onde os conhecimentos foram originados criando um desejável respeito mútuo. Se for utilizar a teoria dos fractais para explicar o processo de recuperação da informação não nomear a nova explicação como sendo da área da ciência da informação se a coisa toda for um sucesso. O empréstimo não denota uma propriedade do conhecimento por agregação. A interdisciplinaridade não se constrói na indisciplina, que é o caminho rápido para a desordem de qualquer campo do conhecimento. Assim, toda uma argumentação deve ser construída para mostrar as qualidades e a viabilidade da transferência teórica ou instrumental. Deve estar explícito e explicado como este pensar e agir estrangeiro se insere no mundo da ciência da informação.
A informação e a tecnologia
No meu entender o conceito de tecnologia se refere a um conjunto de conhecimentos científicos, empíricos, intuitivos, que podem alterar a coisa, o seu processo de transformação ou de transporte e comercialização. A tecnologia, quando se refere a um produto/serviço, representa o conhecimento que permite construir ou modificar o produto, seu processo de produção ou comercialização. Ela não é o produto em si. Não é o computador, mas o conhecimento que permite construir, operar e comercializar a máquina.
Uma nova tecnologia seria, assim, um conjunto de conhecimentos, com um elevado teor de novidade, relacionado a este conhecimento. A toda tecnologia se associa uma considerável quantidade de informação. Esta informação, quando assimilada pelo indivíduo, grupo ou sociedade, gera uma apropriação que permite a adoção ou a rejeição de uma determinada técnica. Quando se estabelece esta cumplicidade de intenções entre um processo de absorção e um processo de decisão, podemos dizer que se efetivou uma inovação em determinada realidade.
As tecnologias de informação e comunicação são uma utopia de realização tecnológica para possibilitar ações de construção de um saber compartilhado. Uma tecnoutopia que permite, mas não produz conhecimento. Um processo de inovação difere da construção de uma nova tecnologia; a tecnologia é o discurso da ação, e a inovação é a aceitação ação da tecnologia pela pluralidade dos elementos de um espaço social.
Os fluxos de informação
Acredito que os
fluxos de informação se movem em dois
níveis: em um primeiro nível os fluxos internos de informação se
movimentam entre os elementos de um sistema de seleção , entrada,
classificação, armazenamento e recuperação da informação que se orientam para sua organização e
controle. O fluxos interno se direciona por uma premissa de razão prática com
um conjunto de ações pautadas por decisões de um agir baseado em
princípios.
Em outro nível existem
fluxos externos. No extremo da seta esquerda se realiza um fenômeno de transferência do pensamento
do autor para uma base de informação cuja essência é a passagem de uma
experiência, de um fato ou uma ideia, que está em uma linguagem de pensamento
para um texto de informação editado. No
fluxo da seta direita a premissa
se transforma na promessa, uma promessa de que a informação gerada pelo autor
possa ser assimilada como conhecimento pelo receptor.
Acredito que estes fluxos indicam as possíveis dissensões
entre a biblioteconomia e a ciência da
informação; a ciência da informação localizada nos estudos dos fluxos externos
e a biblioteconomia realizando o fluxos interno do sistema de armazenamento e
recuperação da informação para conhecimento
Aldo A Barreto
Uma primeira versão reduzida foi publicada em DataGramaZero
- Revista de Informação, v.8, n.1, fev/2007, Colunas