quinta-feira, 4 de julho de 2013

A interface que colocou o homem no ciberespaço através da tela do seu computador






   Morreu Douglas Engelbart. 
“Put crêpe bows round the white necks of the public doves”

Douglas Engelbart foi um pesquisador conhecido por ter inventado o mouse e por ser um pioneiro na interação entre humanos e computadores; sua equipe desenvolveu o hipertexto, computadores em rede e as precursoras interfaces gráficas.  Em 1945, enquanto esperava a dispensa do serviço militar em um hospital leu um artigo de uma revista que o fascinou: "As we may think" de Vannevar Bush que  discutia o futuro emprego das máquinas como complemento do intelecto humano. Este artigo ligado à sua experiência como técnico em radares moldou a forma como Engelbart veio a imaginar os computadores e a forma como estes deveriam mostrar a informação.

Em 1963 abriu o laboratório que chamou de “Augmentation Research” o primeiro ambiente integrado para processamento de ideias e tecnologias voltado para "aumentar" a capacidade intelectual. De 1968 a 1970 apresentou uma série de inovações como sistemas hipertextuais de associação dinâmica e a colaboração social em rede.  Em 1970 Engelbart revelou a interface que permitiria ao homem entrar no ciberespaço através da tela do seu computador: o mouse. A aumentação revela as possibilidades de incrementar a capacidade criadora pela possibilidade de desenvolver a capacidade para expressar emoções e sentimentos.

Com  vigor de potência a interface para a realidade do ciberespaço permite existir com a liberdade incorpórea em uma  vivência mediada por scrips: instruções criadas para dar incremento a sensação de plasticidade gráfico-visual. Uma expectativa maquinal de suscitar um desejo de prolongamento ou renovação da conexão criando um espaço que permitia uma ajuda aos sentidos que refreia um imaginário por "default" e como que apaga memórias passadas e estéticas futuras tal a força do presente na interface visual.

Douglas Engelbart participou de duas invenções fundamentais para a vivencia virtual: o mouse, que facilitou o uso da interface gráfica, e o hipertexto um invento essencial à navegação na web. O mouse tirou o usuário de uma interconexão de teclado para virtualmente colocá-lo na tela do computador Em uma entrevista, Doug fala sobre o nascimento da internet :

Quem batizou o mouse com esse nome? - Bill English costumava me perguntar isso e eu sempre dizia que um garoto do interior como eu jamais pensaria em batizar esse equipamento. O curioso é que ninguém da nossa equipe se lembra de quem teve a ideia de chamá-lo de mouse. Começamos a construir novos protótipos e usá-los o tempo todo, mas sempre imaginamos que um dia ele ganharia um nome digno.  É como inventar um carro muito interessante e todo mundo comentar sobre suas rodas. Mas essa fama também me trouxe benefícios. A Logitech, a maior fabricante de mouses, me abriga em seu escritório há 12 anos. Seria muito solitário trabalhar em casa.

- Eu tive muita sorte de conviver com as primeiras pessoas a falar sobre a arquitetura da internet. Meu computador de pesquisas foi o segundo a se conectar a rede Arpanet, como era chamada a precursora da internet. Ela foi desenvolvida com o objetivo de ser um instrumento de pesquisa coletiva. A orientação era: se você tem um programa em sua máquina que eu possa usar para calcular e eu tenho os dados, então podemos trabalhar juntos. As pessoas não tinham essa noção de ambiente colaborativo que existe hoje.

- Atualmente estou envolvido em um projeto sobre ''links implícitos'', um projeto onde cada palavra estaria ligada com sua definição no dicionário.  Estou tentando achar alguém que possa trabalhar com a evolução das ferramentas para isso e também usá-las. Espero isso há décadas.

Notas:

*Script aqui significa o conjunto de condições e de uma lógica a ser seguida para realizar e manter uma conexão que ajudará o operante na concentração do conteúdo a ser vivenciado.

Realidade aumentada:
http://tinyurl.com/mz5345

Invisible revolution : a web documentary on Doug Engelbart: 

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