sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reinventar o trabalho para conseguir emprego




Em Ciências Sociais, economia do dom, economia da doação ou economia da dádiva ou ainda cultura da dádiva é uma forma de organização social na qual os membros fazem doações de bens e serviços valiosos, uns aos outros, sem que haja, formal ou explicitamente, expectativa de reciprocidade imediata ou futura. Todavia, a obrigação de reciprocidade existe, não necessariamente envolvendo as mesmas pessoas, mas como uma corrente contínua de doações.

A economia do dom é uma forma econômica baseada sobre o valor de uso dos objetos ou ações. Contrapõe-se portanto à economia de mercado, que se baseia no valor de troca de bens e serviços. A doação é na realidade uma troca recíproca com algumas características definidas por convenções e não por regras escritas: a obrigação de dar, a obrigação de receber, a obrigação de restituir mais do que se recebe.

A economia do dom é uma forma de organização, não um tipo de contrato. Marcel Mauss escreve: Não se está falando em termos legais: estamos falando de homens e grupos de homens, porque são eles, é a sociedade, são os sentimentos humanos (...) que se transformam em ação. A economia das redes sociais interage com a economia do Dom. [1]

Conhecer pessoas é o que constitui uma rede de convivência as formas de relação social são concretas e permeadas de atitudes recíprocas e atualmente as redes interpessoais dão espessura aos mercados de trabalho tornando pouco plausível a ideia de impessoalidade nos mercados.

A experiência de crescer online esta mudando a expectativa de emprego para esta força de trabalho em formação. Os iniciantes no mercado de emprego devem esperar encontrar condições não convencionais e da qual pouco conhecem os caminhos. A questão é se egressos das graduações, e até egressos da pós, estão preparados para enfrentar este novo contexto e estão abertos ao desenvolvimento das novas técnicas que facilitarão seu emprego.

As gerências de recursos humanos de todo o mundo vêm modificando suas expectativas para se adaptar a esta nova forma de trabalhar que possibilitara o empregamento. Abaixo estão algumas características relevantes do perfil do trabalho para o emprego na vida online e mostra como as empresas terão que mudar para se amoldar ao futuro de seus empregados[2]:

1. No cenário da web todas as ideias competem no mesmo nível. As ideias ganham suporte pelo mérito e não pelo poder político daquele que as colocou.
2. As contribuições em convivência se valorizam. Na web o que conta não é o seu Currículo, mas como e com o que você pode contribuir.
3. Online as hierarquias são naturais e não formadas pela norma das hierarquias constituídas.
4. Grupos se definem em liberdade e se organizam pela confiança.
5. Os recursos são atraídos e não atribuídos. Os recursos são alocados em cada ano legal. Na web, os recursos são atraídos pelas boas ideias e projetos.
6. O poder vem pela informação que você compartilha. O mundo online é da economia do doador. Para ter influencia tem que distribuir seu talento e seus conteúdos.
7. As opiniões são partilhadas em convivência e ganham aquelas que têm mais e melhor seguidores.
8. Clientes têm o poder de veto. Se a política ou o projeto agrega sentimento contrários a organização são vetados e interrompidos.
9. Na web a o dinheiro conta muito, mas o reconhecimento vale muito também.


Como será o processo para reinventar trabalhadores e fazê-los consistentes com esta emergente nova sensibilidade voltada para a sociabilidade e , também, em uma economia da dádiva.

AAB


[1]Wikipedia e Marcel Mauss - "Essai sur le don. Forme et raison de l'échange dans les sociétés archaïques", publicado em L'Année Sociologique, 1923-1924.
http://classiques.uqac.ca/classiques/mauss_marcel/socio_et_anthropo/2_essai_sur_le_don/essai_sur_le_don.pdf

[2]“The Facebook generation vs Fortune 500” publicado no blog do Wall Street Jounal.
http://blogs.wsj.com/management/2009/03/24/the-facebook-generation-vs-the-fortune-500/

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