"Escrever é retirar-se. Não para a sua própria tenda
para escrever, mas para a sua própria escritura. Cair longe da linguagem,
emancipa-la ou desampará-la, deixa-la caminhar sozinha e desmunida. Abandonar a
palavra. Deixa-la falar sozinha o que ela só pode fazer escrevendo. Abandonar a
escritura é só lá estar para lhe dar passagem, para ser elemento diáfano de sua
procissão: tudo e nada. Em relação a obra o escritor é ao mesmo tempo tudo é
nada." (Derrida)
Assim, também, as Lexias de Barthes são apontadas como fragmentos do texto que
caracterizam uma unidade de leitura, um corte completamente arbitrário sem
qualquer responsabilidade metodológica.
O nascer dos elos de uma escrita hipertextual. A lexia é o
envelope de um volume semântico, a voz do texto tutor, a linha saliente de um
texto plural. O texto tutor, seja ele o primeiro ou um dos seus muitos
elos, será sempre quebrado, interrompido
em total desrespeito por suas divisões naturais.
"O trabalho do texto superposto, do momento que se
subtrai toda a ideologia de totalidade consiste precisamente em maltratar o
texto, em cortar-lhe a palavra." (Barthes)
Tanto o cientista como o artesão da bricolagem hipertextual
estão a espreita de mensagens que, para o "bricoleur" são mensagens
existentes e pré-transmitidas e colecionadas como códigos que permitem
enfrentar situações novas; o homem de ciência antecipa sempre uma
"outra" mensagem que se espera
nova e arrancada, com técnica, de interlocutores e sua ambiência.
O mais interessante no pensamento (selvagem) dos mitemas de
Lèvi-Strauss é o abandono de toda a
referência a um centro, um sujeito, um
contexto específico ou uma origem absoluta. O discurso das estruturas
acêntricas dos mitos não tem um sujeito ou centro absoluto.
O mito de referência (o texto tutor) não deriva unicamente
de uma posição central, mas de sua posição irregular no interior do emaranhado
de fragmentos que se interconectam: " o mito e a obra musical aparecem
como maestros cujo plateia são os silenciosos executantes. A música e a
mitologia confrontam o homem com objetos virtuais cuja somente sombra é atual...."
Um conjunto de mitos pertence a sua ordem do discurso. Uma
estrutura de mitemas corresponde a um conjunto informação acêntrica que forma
virtualmente uma rede em um hipertexto onde a crua informação neles entrelaçada
transforma-se quando reunida e cozida em conhecimento.
# partes do texto que está em http://www.dgz.org.br/out04/Art_01.htm
# imagem de http://jon-chu.tumblr.com/
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