domingo, 17 de novembro de 2013

O insustentável peso da base física



A informação digital  seu volume e as novas ferramentas que trazem estão incidindo diretamente sobre o indivíduo e sua existência e sua convivência com artefatos de comunicação. Uma nova economia da publicação e leitura explica porque os documentos do futuro tenderão a ser, em sua maioria,  em formato digital. O formato eletrônico tem condições econômicas imbatíveis se comparado com o convencional impresso; no caso da nova economia os produtos digitais o custo é consideravelmente  menor  que dos produtos  impressos tradicionais com consumo  pautado por uma tradicional relação de lucro.

A escrita pós-Internet, sem mudar totalmente o código da escrita, mudou sua condição de uso. A escritura não é mais fixa em uma única base e passeia por diferentes espaços para explicar ou enriquecer o tema. Condições de leitura se modificaram e o deciframento da escrita, ainda vai  de signo a signo, mais o signo se espacializou e sua agregação exige cada vez mais uma apresentação com visualização amigável.  A leitura passa a ser uma potência do imaginário do leitor onde as palavras  explodiram em sua sensibilidade para percepção do significado.

Convivemos, cada vez mais intensamente, com formatos  abertos  e  cada vez mais se lê diretamente na tela do computador;  o  interesse na leitura digital e suas possibilidades vagueantes  é a sedução da viagem por espaços entrelaçados. Virtualizam-se as bases fixas de inscrição das narrativas  escritas,  sonoras e de imagens.    As bases de informação de  formato físico e de manuseio estão se acabando com celeridade.

Assistimos neste final de 2013 o acabamento do DVD sem muita emoção. Nos EUA a Blockbuster maior repassadora de vídeos em dvd e do natimorto bluray fecha as suas lojas por falta de demanda. As locadoras que existem entre nós enfrentam seu fim diversificando sua atividade com a venda de sorvete e chocolate. Filmes e vídeos se alugam, agora, online pela TV ou na internet.

Anteriormente a Polaroid se despediu da fotografia; a empresa fechou suas fábricas de produção do filme. A Polaroid, que se tornou sinônimo de fotografia instantânea, anunciou o fechamento de suas fábricas em Massachusetts, EUA, México e Holanda. As câmeras já haviam deixado de ser fabricadas há dois anos. A empresa não conseguiu acompanhar a tecnologia digital que mudou tecnologia da fotografia para sempre. A  impressão em papel e tinta praticamente acabou, devido a seu custo.

Os cinemas dão adeus ao já velho filme em base de celuloide. Sistemas de projeção digital facilitam a vida de distribuidores e exibidores e a qualidade  digital da projeção melhora, ainda,  as condições de recepção; o filme é transformado em arquivo digital e armazenado em um servidor, que o envia via satélite para os aparelhos dos cinemas "kinoplex". A partir daí, basta um clique na hora marcada para que o filme seja projetado sem interrupções em uma ou outra sala de exibição.

As gravadoras começam  a comercializar música em cartões digitais de leitura  com o objetivo de acabar o mercado  de suporte físico tradicional o CD. Um cartão magnético de memória é inserido no "slot"  Usb do seu aparelho de "som"e pode ter uma grade número de músicas. Não risca, não arranha, não mofa, o espaço para armazenagem é enorme e  o custo menor. Comece a se despedir ou colecionar CDs, pois ele será artigo para  os colecionadores.

A transmissão da voz e de músicas  por rádio digital foi já aprovada no Brasil. A tecnologia de rádio digital permite a compressão dos sinais de voz, abrindo o canal de rádio para a transmissão AM sem interferências e FM com som digital mp3. Além da qualidade de som, o rádio digital, permitira a transmissão de textos exibidos em um visor do aparelho.  Receptores mais modernos poderão transmitir vídeos e "clips" da música tocada. O rádio digital  permitirá a transmissão de até três programas simultâneos, na mesma frequência, para públicos diferenciados. 

São grandes as transformações desta mudança estrutural dos formatos  da informação, a maior delas, em se fazendo, já está ocorrendo e é uma completa reorganização  espacial na esfera de leitura. Os livros não acabarão nunca, mas modificarão o seu formato. A substituição da leitura de um livro  de impressão papel e tinta não será aceita culturalmente para os nascidos antes de 1980. É uma afetividade de enorme querência a um velho amigo com quem convivemos desde criança. Mas, para a geração do videogame não haverá melhor opção de leitura e entretenimento.

O livro eletrônico tem condições econômicas imbatíveis se comparado com o impresso; baixo custo de acesso,  uso imediato  e disponibilidade  no local preferencial do leitor  o que o torna, ainda,  um fator de inclusão informacional e dai de inclusão social. Qualquer política de governo que não contemple esta possibilidade não será socialmente pensada.

“Eu amo  aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque  são esses os que atravessam de um para o outro lado.”

(palavras  de Zaratustra de Nietzsche)

Aldo A Barreto




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